Fala-se hoje em dia na palavra Autenticidade, cada vez mais, em mais contextos e em diferentes meios de comunicação, como um elemento caracterizador do novo Ser-Se Humano. É quase que um convite, mas cada vez mais, também uma subtil exigência.
Autenticidade remete-nos em primeira instância para aquilo que é genuíno, fiel à origem, pretendendo afirmar uma expressão de alinhamento ao que é de Essência, ao que é de Verdade – “Agora aquilo que te vou dizer é mesmo honesto...” assumido sem Medos e manifesto, desejavelmente em Amor; ao que nos mostra Sermos íntegros connosco mesmos.
Mas Autenticidade também nos remete para Autenticação, e aí surge a questão, quem, e como, efectua a Autenticação da nossa Autenticidade?
Autenticidade humana nunca pode ser comprovada como um dado absoluto (cientificável, já que gosto de inventar palavras) na medida em que não é mensurável, logo não é uma proposição de assunção universal enquanto Verdade. Não é possível dizermos que alguém é 10% autêntico, ou que a minha autenticidade pesa 21Kg...
Não sabemos como as coisas são (plenamente). Só sabemos como as observamos ou como as interpretamos. Vivemos em mundos interpretativos, os nossos e os dos outros.
Temos por isso de nos manter no terreno do subtil, do subjectivo, experienciável e logo convocar a dimensão de veracidade e confiabilidade, uns nos outros.
E autenticidade é algo que se é ou é algo que se pratica? Porque se se É, então é permanente, sempre e em todas as circunstâncias em que estamos presentes. E não parece que seja assim! Pois não? Autenticidade é algo que se pratica, portanto não podemos dizer que És (no sentido absoluto) mas antes que estás a Ser, no sentido relativo do contexto.
Ontologicamente Autenticidade é uma condição de viver dos juízos próprios, de converter-se em quem estabelece a medida das suas próprias acções, e da consequência das mesmas. Ser autêntico é um ato de coragem — um exercício diário de integridade pessoal.
E isto remete-nos então para um conjunto de perspectivas acerca do tema:
O que Significa eu Saber-me Autêntico:
- Como valorizo, sinto e penso o alinhamento entre as minhas conversas privadas (as que tenho comigo mesmo, seja em silêncio, seja em voz alta) e as minhas conversas públicas (as que tenho com outros humanos): quanto menor a diferença (gap) entre elas, mais autêntico eu me sei. Não havendo qualquer diferença (zero gap), vislumbra-se total autenticidade, naquele momento;
- Significa também que a minha experiência de mim mesmo é de paz, tranquilidade e felicidade por estar a saber-me honesto e alinhado aos meus pensamentos, sentimentos, princípios e valores e movimento; e,
- Sentir-me Eu próprio na minha Totalidade. A chamada Integridade Coerente.
O que significa eu ser Autêntico comigo mesmo:
Significa eu não trair os meus princípios e valores, mas sobretudo as minhas intenções e sonhos, e mais ainda, os meus chamamentos de Alma, cumprindo-me como humano nesse caminho sem trair tudo o que me nutre a Ser e sobretudo aquilo que me chama a Tornar-me.
O que significa eu Comportar-me autenticamente:
Na minha perspectiva significa dizer o que penso e mostrar o que sinto, fazer o que digo (cumprir as minhas promessas) e reconhecer o que fiz ou o que preciso de fazer. Ser responsável por tudo o que me diz respeito, mas apenas ao nível daquilo de que tenho consciência, e só 100% das vezes. Mas ser autêntico não é dizer tudo o que nos passa pela cabeça ou fazer o que nos apetece sem pensar nos outros. É mais profundo. É saber quem somos, o que sentimos, o que queremos — e viver de acordo com isso, mesmo que nem toda a gente perceba ou concorde, mas com a firme intenção de não causarmos sofrimento aos demais com as nossas escolhas.
O que Significa eu Ser Visto como Autêntico:
A minha expressão de Ser, ser dada como confiável e verdadeira na consciência de quem comigo interage, não esquecendo que se trata, como sempre, de uma interpretação. A minha expressão física, a minha atitude comportamental, a minha actuação estar em coerência com...
E o que significa Autenticidade no nosso contexto cultural:
Significa que a nossa cultura promove, valida e celebra a autenticidade como princípio partilhado que leva a comportamentos sistemáticos de autenticidade entre os membros que a compõem; Autenticidade como valor partilhado que assista um grande grupo de pessoas. Temos sub-culturas onde isso acontece, ou pelo menos deveria acontecer, nomeadamente a partir de decreto deontológico, como exemplo na classe médica ou na classe da justiça. Mas não podemos afirmar que já é algo do domínio transversal da nossa sociedade do ponto de vista de valores e princípios. Mas cresce e expande...
E nos diferentes Sistemas da nossa sociedade, os mecanismos que desenhámos e implementámos para conseguir viver juntos:
Aí temos uma vastidão de diferentes acontecimentos. Temos um sistema Político que na sua generalidade promove tudo menos autenticidade e até celebra e recompensa o seu oposto, um sistema Económico que vai na mesma linha, e um sistema Educativo que está a fazer um imenso esforço de mudança pela inegável obsolescência dos paradigmas tidos como certos. O sistema de Saúde tem feito progressos incríveis de autenticidade, assim como o sistema Judicial, embora facilmente reconheçamos os inúmeros atentados que minam este estado de autenticidade sistémica.
Autenticidade permitida no seio do sistema familiar, do sistema de trabalho profissional, no sistema de amigos, diferentes cadeias de relações que nos convidam, inibem ou incitam, premeiam ou penalizam o acto de nos mostrarmos autênticos.
Autenticidade é a arte de aperceber o potencial, e de estar disposto, ousar até, em manifestá-lo.
Este principio implica o processo gradual de aprender a dizer a verdade acerca do que sentimos, sabemos e pensamos. É a arte de encontrar a nossa voz, seja através de outros ou de nós mesmos. Encontrar e expressar a nossa voz é apercebermo-nos do potencial que está presente e que aguarda manifestar-se através de nós.
A autenticidade manifesta-se de muitas formas. Está presente no olhar transparente, nas palavras ditas com convicção, nas decisões que se alinham com a consciência, mesmo que sejam difíceis. Um ser humano autêntico não vive para agradar, mas também não se fecha num egoísmo estéril. Vive com responsabilidade, mas sem negar a sua individualidade. É alguém que reconhece os seus limites e imperfeições, mas não se esconde atrás deles.
Ser autêntico também não significa ser estático. As pessoas crescem, mudam de ideias, evoluem. A autenticidade não está na rigidez, mas na fidelidade ao movimento interno. É saber dizer “não sei”, “mudei de opinião”, ou “isto já não me representa”. É uma dança constante entre a coerência e a transformação.
Ralph Waldo Emerson afirma: O Poder que reside nele é novo na sua natureza, e ninguém senão ele sabe o que é Aquilo de que é capaz de fazer, nem ele próprio sabe, até ter experimentado.
Esta é a natureza de fluxo que nos põe plenamente disponíveis ao exercício da Autenticidade. Ser o que cada momento nos pedir, total e plenamente.
À medida que fazemos isto, não mais confundimos quem nós somos com qualquer imagem que acreditamos Ser ou aquilo que nos foi dito que deveríamos ser. Contudo, ser autêntico tem um preço. Pode implicar confrontar convenções, desapontar expectativas, enfrentar rejeições. Mas aquilo que se ganha em troca — paz interior, clareza, relações verdadeiras — não tem comparação. É melhor ser rejeitado pelo que se é do que amado por uma versão distorcida de si mesmo, criada para obter aceitação social.
Nos cursos e workshops que facilito costumo dirigir aos participantes a questão “O que Significa para ti Seres Autêntic@?” Inúmeras respostas vão surgido, mas a mais recorrente tem que ver com DIZER a VERDADE...
Significará isto que passamos muito tempo a mentir uns aos outros, sabendo-nos assim inautênticos?
Prática: vamos tocar sumariamente neste ponto para não se criar a ideia de que estamos a abordar algo intangível e sem raiz de acção concreta: Vamos Crescer em Autenticidade?
0 - Conhece-Te a Ti mesm@! Esta é essencial e através dos processos de mentoria Elos d´Eros podes conhecer muito mais de Ti!
1 - Passar de máscaras que usas para Essência que manifestas…mostra o que se passa verdadeiramente contigo…apropriadamente e procurando não causar sofrimento;
2 - Diz o que pensas, com empatia;
3 – Mostra o que sentes, não escondas os teus sentimentos, mas salvaguarda que o fazes em ambiente “seguro”.
3 - Faz o que dizes ou disseste; cumpre as tuas promessas, as explícitas e as implícitas;
4 – Reconhece o que fizeste ou o que precisas fazer; Admite e aprende com os teus erros e celebra os teus sucessos;
5 – Aumenta a tua percepção dos momentos em que não estás a ser Autêntic@ (porque queres criar uma imagem determinada, não parecer desadequad@, tolinh@, ou porque cometeste erros, etc...)
6 – Aprende a ver-te e aos teus comportamentos com objectividade. Quais são as tuas forças e as tuas fraquezas? Como as tuas fraquezas te fazem sentir? Como reages quando és confrontad@ com as fraquezas nos outros?;
7 – Diz a verdade a ti mesm@; Respeita-te e aos acordos, promessas e sonhos que tens para ti, para te cumprires como Ser Humano.
8 – Sente a vida como um Todo de oportunidades e não como um todo de obrigações...
Num mundo onde tantas vozes competem por atenção, a voz autêntica é um farol — discreto, mas firme — a lembrar-nos quem realmente somos.
A Maior Coragem é Um ousar mostrar Ser aquilo que É! E essa expressão de Ser é a maior homenagem que cada Um pode fazer à Relação que tem consigo mesmo!